quarta-feira, 29 de abril de 2020

Matemática: Promovendo a inclusão de deficientes visuais - Fabricando um soroban

por: Claudson Eduardo A. B. Barros

     Dando continuidade em nossa série "Matemática: Promovendo a inclusão de deficientes visuais", vamos mostrar um soroban caseiro feito com poucos materiais e com baixo custo.


Imagem 1 - Soroban fabricado

Fonte: feito pelo autor

     Como visto na primeira matéria, o valor de um soroban adaptado para deficientes visuais pode variar entre R$ 60 e R$ 80 incluindo o frete. Se o valor do soroban não lhe for conveniente, fabrique seu próprio soroban. 
     Utilizando um pedaço de madeira, lixas, cola, tesoura, palitos de picolé, pregos finos longos (ou hastes metálicas retas e rígidas), miçangas e uma folha de EVA você poderá construir seu próprio soroban, basta ter paciência e disposição. O soroban aqui mostrado é um que possui 21 hastes e possui a base com uma folha em EVA para que deficientes visuais também possam utilizá-lo.
     O valor total gasto com as peças necessárias ficou em torno de R$ 16,00, pois comprei apenas as miçangas (R$ 7,00), 100 unidades de palitos de picolé (R$ 5,00 - sendo que só foram usados cerca de 15 de palitos), duas folhas de lixas de madeira número 150 (R$ 2,00) e a folha de EVA (R$ 2,00), os 21 pregos e a madeira da base foram adquiridos gratuitamente com um amigo marceneiro. 
     A folha de EVA foi utilizada no lugar da borracha do soroban visto na matéria anterior. A quantidade de miçangas compradas foi 130 unidades, mas 105 são necessárias para fazer um soroban com 21 hastes (21 pregos). Abaixo deixo algumas fotos do processo de fabricação de um soroban caseiro adaptado para deficientes visuais.

Imagem 1 - Madeira utilizada como base
Fonte: feito pelo autor

Imagem 2 - Madeira e filetes cortados com um prego e as miçangas exemplificando como ficará o soroban 
Fonte: feito pelo autor

     Nesta parte (imagem 2), eu cai na real. Os filetes de madeira utilizados eram de uma madeira que se quebrava com facilidade, então foi necessário trocar por palitos de picolé, até que, finalmente, "o processo andou"!

Imagem 3 - Parte do soroban montado com palitos de picolé
Fonte: feito pelo autor

     Foi necessário colar alguns palitos em paralelo para reforçar a estrutura da grade. 
    Note que a folha em EVA está entre a base e a estrutura.

Imagem 4 - Esqueleto do soroban
Fonte: feito pelo autor

    O soroban convencional é dessa forma, mas aí o brasileiro, sabendo da necessidade dos deficientes visuais em utilizá-lo sem preocupações, colocou um material por baixo e uma base para segurar esse material, neste caso utilizamos o EVA e uma madeira como mostra a imagem seguinte.

 Imagem 5 - Soroban sendo colado em sua base
Fonte: feito pelo autor

    Note que cola do tipo super bonder foi utilizada para agilizar o processo e garantir melhor qualidade final ao produto, todavia, também aplicamos a cola branca. Aplica-se a cola branca e goteja-se a cola super bonder onde for necessário, em seguida prende as madeiras com pregadores enquanto seca ou uma prensa (cuidado para não aplicar muita força sobre o soroban, isso pode ocasionar a quebra dos palitos). 

     Uma boa dica é: Não tenha pressa em utilizar seu soroban, deixe a cola secar por no mínimo 24 horas, depois, sem retirar os pregadores, reforce gotejando a cola superbonder nas juntas entre os palitos de picolé e a base para que a grade (moldura) fique melhor fixada à base, depois espere por pelo menos mais 8 horas até retirar os pregadores e poder utilizar seu soroban.

Imagem 6 - Soroban finalizado
Fonte: feito pelo autor

    Alguns processos não puderam ser registrados devido à falta de tempo, processos importantes como medição e marcação das distâncias entre as hastes (pregos), perfuração dos palitos (não pode bater o prego nos palitos para não quebrá-los) e colagem e recorte de palitos para a moldura do soroban. 
    Lembrando que, todas as medidas devem ser levadas em consideração inclusive as medidas milimétricas da espessura do EVA e do diâmetro das miçangas, assim como a largura dos palitos para evitar que as miçangas fiquem frouxas ou arroxadas demais, caso fiquem frouxas, você pode lixar, mas se ficarem arroxadas provavelmente você terá que refazer a moldura do seu soroban com os furos melhores posicionados. Outros processos importantes não registrados foram: A furação dos palitos (cujo orifício produzido não deve exceder o diâmetro das hastes para que as hastes fiquem arroxadas) e os cálculos de posicionamento desses orifícios, além da escolha das miçangas (que, cujos orifícios devem receber as hastes/pregos de modo confortável, mas não deve ficar muito folgado).
    Na última postagem da série, iremos comentar acerca de como realizar cálculos no soroban. 


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